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AIDS, precisamos conversar

Em junho de 1981, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos registrou os primeiros casos de uma enfermidade considerada à época um mistério. HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter Aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas através de sexo vaginal sem camisinha, sexo anal sem camisinha e de sexo oral sem camisinha. A transmissão também pode ocorrer pelo uso de seringa por mais de uma pessoa, pela transfusão de sangue contaminado, da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação, assim como por instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

O Brasil adotou, entre outras ações da política de prevenção e tratamento da Aids, o acesso gratuito à medicação antiviral. Medidas como essa fizeram o programa brasileiro de tratamento ser reconhecido pela comunidade científica internacional e a Organização Mundial da Saúde (OMS) como o mais avançado do mundo. Paradoxalmente, o controle das manifestações da doença afrouxou as precauções necessárias para impedir a disseminação do vírus. Com isso, a adoção de estilos de vida compatíveis com as práticas de sexo seguro é um dos principais desafios para as equipes de saúde e educadores em geral. Há dificuldade, sobretudo, para que o uso de preservativo seja uma rotina em especial entre jovens e idosos. É bom lembrar que, apesar dos avanços no tratamento, a infecção pelo HIV permanece incurável e não existe vacina para preveni-la.

Conforme o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de 2018, desde o início da epidemia de Aids (1980) até 31 de dezembro de 2017, foram notificados no Brasil 327.655 óbitos, tendo o HIV/Aids como causa básica. O levantamento aponta que a região Sul teve a segunda maior proporção de mortes (17,7%), ficando atrás apenas do Sudeste (58,9%). Em 2017, a distribuição proporcional dos 11.463 óbitos coloca o Sul em terceiro lugar (20%). A lista é liderada pelo Sudeste (40,5%), seguido pelo Nordeste (22,2%).

De 1980 a junho de 2018, foram identificados quase 1 milhão de casos de Aids no Brasil (926.742). São em torno de 40 mil casos novos da doença por ano, mas a boa notícia é que o número anual de registros vem diminuindo desde 2013. De acordo com o boletim, as ocorrências se concentram no Sudeste (51,8%) e no Sul (20%). Entre 2013 e 2017, a região em que vivemos apresentou 8,2 mil casos anuais.

O boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde mostra também que, em quatro anos, houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela doença, passando de 5,7 por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos por 100 mil habitantes em 2017. O cenário atual revela que no país a taxa de mortes por Aids teve queda de 16% desde 2014, um ano depois de o Ministério da Saúde passar a distribuir medicamentos a todas as pessoas infectadas pelo HIV.

Outro aspecto importante apontado nesse boletim é a diminuição da transmissão vertical, de mãe para filho. A taxa de detecção de HIV em bebês teve redução de 43% entre 2007 e 2017, caindo de 3,5 casos para dois por cada 100 mil habitantes. O aumento de testes realizados na Rede Cegonha (programa federal de acompanhamento da mulher grávida) contribuiu para a identificação de novos casos em gestantes. Em 2017, a taxa de detecção foi de 2,8 casos por 100 mil habitantes. Em Santa Maria, segundo o relatório de gestão apresentado em 2018, houve 257 casos novos em pacientes com mais de 13 anos, 60 casos em gestantes e três casos em crianças menores de três anos. Precisamos avançar não só no nosso processo educativo, como melhorar o acesso ao teste rápido e aos preservativos. Hoje, a Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza o teste rápido em várias unidades de saúde e oferece camisinhas em todas as unidades de saúde. Conter a disseminação do vírus é compromisso inadiável com as futuras gerações de brasileiros. Medidas mais agressivas para fazer a camisinha chegar às mãos do usuário são fundamentais. O momento é de um grande desafio: sexo seguro.

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